
São dez da manhã e as luzes ligam-se mais uma vez.
Entram gajos e gajas e ficam aqui durante 3 horas. Viram-me as costas, ignoram-me e quando se aproximam é só para deitar alguma merda no lixo. Mas quando sentem o rabo a arder, aí sim. Vêm a correr ter com o senhor extintorzinho, tão fofinho que és, apaga o meu fogo sim?
Judas. São todos uns Judas.
Daqui a um mês vou-me embora e nem a porcaria de um cigarro mal apagado me deram para poder mostrar o meu valor. Nem quando o Benfica foi campeão me usaram.
Traidores.
Daqui a um mês. Daqui a um mês volto para casa. Tiram-me o sangue, esses vampiros. Mas ao menos põem-me sangue novo. Repouso um pouco e lá volto eu para o trabalho.
Férias? O tanas. Não dá, o sindicato diz que está mau e que temos de apertar as braçadeiras. Espero bem ir para uma fábrica de papel. Aí se houver algum descuido sou posto à prova.
Ora bolas, calhou-me um consultório médico.
Sou um triste, um zé nada. Devia ter continuado na escola
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