quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Crónica de uma lentidão por anunciar (exercício 6 - crónica sobre a lentidão)

Lentidão. s.f. Falta de pressa, de actividade, de vivacidade nos movimentos.



Ok, é a falta de pressa. Até aí já tinha chegado. Mas o que é realmente a lentidão? É a segunda circular às 6 da tarde? É a velhinha do segundo piso a subir as escadas? São os turistas na baixa pombalina a apreciar todos os pormenores da arquitectura?

Sim, é tudo isso.


Fascina-me quem é lento porque pode. Tem tempo, aproveita todos os segundos ao máximo e a vida dura-lhe mais. Saber que a vida dura mais se, em vez de andarmos a correr, andarmos somente assusta-me um pouco.
Dizem que vivemos mais se fizermos exercício físico regular, mas não neste caso. Neste paradoxo trata-se mesmo de assumir sem qualquer tipo de pudor e culpa que o vento que bate na nossa cara, as preocupações e o "ácido láctico" no cérebro nos tiram tempo de vida. Todos os milissegundos e os nanominutos a esvoaçar à nossa frente e nós não nos preocupamos.
Preocupamo-nos sim com detalhes e porcarias que não merecem correrias e sprints. Não censuro quem o faz, até porque inconscientemente também o faço.

Mas a diferença brutal entre as correrias e sprints que nós fazemos e as que o Obikwelu faz não são os detalhes e porcarias. A diferença (lá está) é porque ao Obikwelu lhe pagam para os sprints e correrias, tendo sempre um desfecho imprevisível.


Se assim é, corramos então. Mas de forma lenta, consciente e gratuita.

Para vivermos mais tempo.

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